"..não me posso resumir porque não se pode somar uma cadeira e duas maçãs. eu sou uma cadeira e duas maçãs.." Clarice L.

13/04/2010

Um guarda-chuva, um sorriso....


Por Neto Menezes. 12/04/2010

       
  Chovia e fazia frio naquela tarde, mas insisti em sair. Precisava passar um tempo sozinho, numa conversa sincera comigo mesmo... Peguei um ônibus (gosto de andar de ônibus, ver a cidade passar pela janela, observar a vida lá fora). Não olhei o letreiro luminoso, não importava para aonde iria.
           Pensava no que havia feito da vida (ou o que não havia feito) e se ela fazia algum sentido, tentava obter a resposta que procurava. Entretanto, algo me dizia que hoje encontraria não só respostas, mas novos sentidos... As gotas da chuva batiam no vidro da janela e reparei que pareciam tristes. Então eu era gotas de chuva naquele momento... Deslizando, descendo, descendo... Eu me afogava em gotas...
           Num súbito de loucura ou lucidez, não saberia explicar, puxei a corda do ônibus e da minha urgência e desci... Precisava sentir a chuva, compartilhar daquela tristeza nossa, sorver em goles sedentos dessas gotas, dessas lágrimas... Fiquei alguns minutos parado no meio da rua. Braços abertos, olhos fechados, língua de fora, apenas ouvindo a chuva e meus suspiros entrecortados.
            Foi quando me dei conta de mais alguém compartilhando daquele momento só meu... A princípio não gostei da idéia, mas assim que abaixei os braços e virei a cabeça, nunca houve incômodo. Olhando do outro lado da rua, um guarda-chuva vermelho, os lábios de mesma cor, e por entre eles irradiavam ondas de luz, ela era linda e sorria para mim; retribui o sorriso, (embora tenha certeza de que não foi a altura) e andei em sua direção. Para minha surpresa, sua mão me convida para dividirmos o guarda-chuva. Aceitei e caminhei ao lado dela sem destino certo. Apenas andávamos...
             Quis saber o que ela fazia na chuva, e sorrindo disse que gostava de se perder entre aquela imensidão de gotas e olhar como tudo ficava molhado e triste. Lembrei-me neste instante do motivo de estar ali também. Nós vibrávamos em uma freqüência tão igual, que ao final de alguns minutos (ou horas), era como se fôssemos amigos de muitos dias de chuva atrás.
              Escurecia quando ela disse que precisava ir. Agradeceu com um sorriso enorme no rosto e aquelas ondas de luz pela tarde que passamos juntos e confessou que ao sair de casa levava a certeza de não voltar mais, queria sumir, desaparecer. Eu a havia feito mudar de idéia com meu gesto bobo de abrir os braços e provar da chuva no meio da rua. Ela percebeu que, apesar de todos os seus problemas (que fiz questão de não perguntar quais eram) havia alguma coisa pela qual lutar.
              Eu lhe devolvi à vida.
              Ela me devolveu a vida.
              Resolvi não mostrar meu fracasso como eu mesmo e não contei que passava pela mesma situação. Seria covardia, e o sorriso que ela me deu fez com que eu visse a vida de forma diferente. Fico feliz por não ter dividido isso com ela, embora tenha sido extremamente egoísta de minha parte. Não que estivesse envergonhado ou que não confiasse nela. Mas como dizer que ao sorrir pra mim, ela secou todas as gotas, todas as lágrimas que encharcavam as minhas roupas e minha alma? Queria dizer... 
              Despedimo-nos em um ponto de ônibus e ela novamente me inundou de luz e doçura, me deu aquele mesmo sorriso que me fez tão bem. Meu ônibus havia chegado (agora eu conferi o letreiro, sabia meu destino), entrei e sentei ainda molhado na parte do fundo. O rádio portátil do motorista chiava baixinho, mas suficientemente audível “I’ll stand by you”, de Rod Stewart. Sorri para meu reflexo no vidro molhado e fechei os olhos... Seria apenas uma ironia do destino?
              No final da rua quando resolvi olhar pela janela. Parada no meio da rua, com os braços abertos e o guarda-chuva ao chão, deixando a chuva deslizar pelo seu corpo, o cabelo molhado e grudado no rosto, a língua pra fora. Exatamente como ela havia me visto fazer horas antes. Gargalhei alto do meu banco e atraí atenção de outras pessoas. Não me importei. Agora sabia: conhecer o sentido de tudo isso aqui é bobagem, o que importa é a vontade que eu tenho em sempre buscar respostas por mais inexistentes que sejam! E se por acaso não houver mais respostas, ir atrás de novas perguntas. Porque a vida é um ciclo insano, sem sentido algum e incrivelmente desafiador!
Pela primeira vez na vida, eu acreditei na felicidade.
A felicidade é um guarda-chuva, um sorriso...

11/04/2010

O medo da mudança

Por Gui Cury, (o post na íntegra, aqui)



"...Você está vendo essa imagem? Isso é como funciona o pensamento coletivo. As pessoas ficam apertadas nos mesmos pensamentos e vão vivendo assim. É conveniente!  E quando um resolve pular para um ambiente melhor, com mais espaço para pensar novas coisas e onde ele possa se destacar mais, os outros ficam bravos! Sim, aqueles peixinhos apertados dariam tudo para estar lá! Mas é tão difícil dar o salto, não? Pior ainda é reconhecer aquele que teve coragem de fazê-lo.

E assim é com tudo na vida, comecem a reparar…"

*
*

 .... ainda bem, sempre tive um aquário bastante grande...

Não posso

O que aqui segue não é meu, mas é como se fosse.
É de um amigo que escreve pra si, um auto desabafo.
Segue uma linha simples e preza por uma adoração idealizada, numa mescla com a platonicidade...
Enfim, aqui vai :

Queria falar com você
tudo o que sinto
e abrir meu coração
mas não posso
já que não me ouve

Queria poder te abraçar
sentir seu calor
te beijar loucamente
mas não posso
poque você se afasta de mim

Queria ser dono do teu coração
e enchê-lo de amor e de tudo
que mais verdadeiro possa existir
mas não posso
porque outro nele habita

Queria chamar sua atenção
mostar que sempre estive aqui
que ao seu lado é meu lugar
mas não posso
porque sou invisível para você

A única coisa que posso fazer
por enquanto é continuar
a te amar e mentir para mim mesmo
nos meus sonhos onde você
pode ser minha todas as noites

N.M., em 17/07/2006

10/04/2010

Afterglow



 

"...Toque-me e eu te seguirei pelo seu crepúsculo...
Cure-me de toda esta tristeza!
Enquanto te deixo partir,
eu encontrarei meu caminho quando vir seus olhos...
Agora estou vivendo no seu crepúsculo..."


*

*

E ouvindo INXS, anoiteceu em mim...


Meu barco

Não me diga quem eu sou.
Eu sou o que quero ser, e não o que você determina!
Por isso engula seus pregos tortos
E deixe-me construir meu barco...


Deixa-me navegar dentro de mim
Afundar nas águas irresolutas,
Gritar para a tempestade,
Lutar contra as ondas...


Portanto não me diga quem eu sou!
Ou pra qual lado é o norte de minha bússola
Porque só eu conheço minhas direções,
Só eu conheço o turvo do meu mar

09/04/2010

Anne Rice



"… E eu a via doce e palpável à minha frente, uma criatura frágil e preciosa que logo envelheceria, logo morreria, logo perderia aqueles momentos que, em sua intangibilidade, nos prometem, erradamente... erradamente, uma imortalidade. Como se fosse o nosso próprio direito de nascer, do qual não conseguimos captar o sentido até chegarmos à meia idade, quando temos pela frente o mesmo número de anos pelo qual já passamos e que já ficaram para trás. Quando cada momento deveria ser o primeiro vivido e assim apreciado..."

(Entrevista com o Vampiro)

28/03/2010

Permissivo


Loucura é ser tão vulnerável ao cheiro da tua colônia trazida pelo vento fraco, ao abre-fecha frenético de tuas pálpebras coloridas, ao franzir macio de teu lábio pintado. Insano é te ter como minha, ainda que alheia a qualquer posse que eu tenho tomado por culpa do vício de doses diárias do teu veneno. Desvairio é ser tão permissivo a você, a essa sua indiferença, a esse meu culto platônico...

.

Realidade


às vezes eu me odeio por deixar me influenciar tanto por um reality... mas é exatamente o que o nome diz, uma realidade, nada mais que um retrato (mal tirado) da realidade que o país presencia todos os dias... Quantos Dourados nós vemos por aí? e pior, quantas vezes Dourados ganham de Dicesars? Mas é isso, é bobagem esperar mais que isso do Brasil, e eu só espero que isso só sirva de exemplo pra milhões, e que histórias de aversão como essa seja diminuída cada vez mais... Vai demorar, mas eu espero... Sentado!


25/03/2010

?


Talvez os olhos quisessem dizer outra coisa, mas como ele iria saber?. Sabe como é, não se ensina por aí como ler olhos. Era só uma vaga impressão de que quando a boca dizia ‘não’, os olhos sussurravam questionadores ‘não...?’. Mas como terminar a palavra e fazer possível entender, por mais que o tom de voz não o fornecesse pistas, que ali existe uma hesitação? Uma interrogação que grita eloqüentemente, berra aos ventos: ‘EU SOU UMA DÚVIDA, EU EXISTO’. Parece mínimo, mas é árduo desentortar interrogações, transformá-las em exclamações (!).

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E se não houvesse mais dúvidas? E se tudo o que fosse dito (principalmente pelos olhos) fossem exclamativas efusivas e taxativas? Se fossemos todos tão exclamativos, nada interrogativos, talvez o amor tivesse menos chances, talvez não existisse mais protestos, greves, interesses, conversas iniciadas, dúvidas esclarecidas, conhecimentos adquiridos, amores difundidos... E cada vez menos decisões bem pensadas. Talvez simplesmente não existisse.. Numa existência sem dúvidas, sem questionamentos, uma simples parte do não-existe.

.
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Talvez as pessoas se preocupassem menos em ler olhos, e o não seria definitivo. Talvez ele acreditasse no não dela, talvez até ela passasse a acreditar no próprio não. Talvez a vida fosse sem graça sem ela, sem a casa no campo e dias preenchidos por nada, só pelo amor selvagem e doce.

.
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Se não existissem interrogações, talvez ‘não’ fosse o ponto final de histórias magníficas.

.

Auto-abraço

    

Não abrace hoje,
Lembre-se de todas as auroras
em que os primeiros raios
e tuas próprias mãos
eram as únicas carícias
sobre a tua pele...



...

Sunflowers



- E quando Girassóis trocarem a ternura do sol pelo mistério das estrelas?
- Então você verá que nem só de luz vive o amor

22/03/2010

Carta de Adeus

" Eu pertenço a algum lugar longe daqui.
                      Ou talvez a lugar nenhum, não importa.
      Prometa que vai lembrar de mim com carinho..."

p.s.: Palavras também destroem vidas

16/03/2010

100 sóis


Eu não acredito em nada, nem no fim e nem no início
Eu não acredito em nada, nem na terra e nem nas estrelas
Eu não acredito em nada, nem no dia e nem no escuro
Eu não acredito em nada além da batida dos nossos corações
Eu não acredito em nada, 100 sóis até que a gente parta
Eu não acredito em nada, nem em Satanás, e nem em Deus
Eu não acredito em nada, nem na paz e nem na guerra
Eu não acredito em nada além da verdade de quem somos

15/03/2010

Por enquanto


    "... se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba...?"

 R. Russo

14/03/2010

Fotografias




''...e num ímpeto de auto-sinceridade, 
é doloroso aceitar: tudo o 
que me restou aqui foram fotografias vazias''

Fernando Franco

28/02/2010

Clarice

Dá-me a Tua Mão

*
*
Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

*
*
Apenas pra me perguntar como Clarice consegue ler tão bem o mundo.

26/02/2010

Urgência

                                     Para acompanhar, uma música

Eu sinto agora uma urgência dentro de mim. Uma urgência tão grande, mas não sei dizer de que. Talvez seja de sentir o vento deslizando pelo contorno do meu rosto, talvez seja de andar na chuva e sentir cada pingo como uma agulha furando meus ombros. Talvez seja urgência pra ouvir minha música preferida e escutar minha própria voz cantando junto, mesmo que desafinada.
Sinto uma urgência em me sentir vivo, em ocupar meu tempo ou em não fazer nada. Em falar de coisas bobas e rir de coisas mais bobas ainda. Uma urgência em ser teu e não ser de ninguém, de ser tudo ou várias coisas ao mesmo tempo. Urgência de poucos amigos, mas fazer diferença pra muitos. Tenho urgência em não me machucar mais, e não mais ser tão vulnerável o tempo inteiro.Tenho urgência de amor, mas não queria ter. Ninguém quer chorar por amores impossíveis...
Sei que é urgente e sinto: é uma emergência
Preciso jogar as cartas velhas fora, preciso ouvir novamente os CDs antigos. Preciso rasgar algumas fotos e guardar outras em um lugar melhor. Preciso tanto chorar e, no entanto, rir histericamente no meio do choro. Eu tenho urgência em gritar pra enfim fazer o silêncio que preciso dentro de mim. Eu tenho pressa em chegar, mas não sei pra onde vou. Deixo ser guiado pelo vento e pelos meus pés.
Há urgência em tudo que faço agora. Um medo bobo de o tempo ser curto e, simultaneamente, uma vontade de deixar pra depois...
Minha alma pede descanso, mas eu quero intensidade.
*
*
E tudo que sei é que tenho urgências e minhas vontades têm pressa.

17/02/2010

Não se adapte!

Então, o que as pessoas esperam que sejamos?
O que elas necessariamente acham ideal?
Será que devo adotar atitudes passivas e ficar vunerável a qualquer imposição que me é posta?
Bom, espero que ninguem me peça isso, não daria certo...

O que vou falar hoje é simples: as pessoas não estão acostumadas. É... Não estão acostumadas a personalidades fortes, a autenticidade, a defesa de opinião ou mesmo à uma opinião. Ninguém quer ser questionado, contradito, ou ouvir algo que não se encaixe a um senso comum!

Exemplo? A Lena do BBB10
(ok, agora é o momento que você me chama de fútil e pergunta porque eu perco meu tempo com esse programa. A resposta é: eu sou fútil mesmo, e ADORO o programa, ponto)
Na última terça-feira, dia 16, a Lena foi eliminada com 52% dos votos. Por quê?

Claro, existem muitos 'songomongos' por aí alegando a prepotência ou a inclinação pra brigas da doutora em linguística. Mas sabe qual a verdade? o brasileiro quer assistir a algo que não é real, quer ver pessoas boazinhas e puras, sensíveis e religiosas, amorosas e compreensivas (leia-se pessoas politicamente corretas, eu prefiro chamar de 'sem sal'). Querem ver bundas redondas e sem celulites, barrigas sem dobras e braços musculosos. Sabe o que mais? elas não querem nenhum tipo de inteligência nisso. Nem uma gota!

Eu não, eu quero é ver a Lena chamar a si mesma de gorda (embora não seja) e mesmo assim colocar um biquini e ser feliz! Quero vê-la questionando as atitudes do Dourado, abominando o machismo do Eliéser, rindo da hipocrisia da Fernanda, se decepcionando com a inflexibilidade da Anamara. Quero ver a Lena mandando a Lia pra 'pqp'. É sim, todos nós fazemos isso. Ninguem precisa ter motivos o tempo todo, todo mundo erra, todo mundo é humano! o Big Brother não é nenhum país das Maravilhas e lá não existe nenhuma Alice.

Não gosto de heóis, e nem acredito neles. Acredito é na parte herói e na parte vilão que cada um tem dentro de si e, conforme situação, ser bom ou... não tão bom assim. O mal é que já nos criaram esteriótipos e, como o programa nada mais representa do que uma parte da sociedade ali, é mostrado exatamente o que acontece na vida real: PAREDÃO/ELIMINAÇÃO.

Eu quero é assistir a um mundo com pessoas que realmente pensam por si mesmas, que não se omitam o tempo inteiro pra agradar a todos o tempo inteiro! Eu quero ver menos repetidores de ideias, menos personalidades passivas! EU QUERO MAIS VERDADE NAS PESSOAS.

Não sei, talvez eu esteja exagerando, talvez não esteja. A verdade é que fiz esse post pra desabafar essa angústia que me dá cada vez que alguem se mostra para o mundo e é apedrejado.

O que eu realmente quero dizer aqui é que sinto uma empatia enorme pela Elenita, e dizer que a admiro muito pela exposição e autenticidade, mesmo correndo risco de rejeição em cadeia nacional. Não só pela Elenita, mas por todos que, assim como eu, são julgados todos os dias, dão tiros no próprio pé, cometem sincericidios, e que são marginalizado apenas por serem a si mesmos por inteiro.

Meu conselho? 
Não siga padrões, não tenha rótulos, não "faça média", não repita comportamentos, não siga a massa. 

Não se adapte... Busque sua verdade...

15/02/2010

Madrugada

Hoje foi mais um daqueles dias em que não consigo dormir. Não é falta de sono, nem falta de cansaço. É simplesmente não querer dormir. Temer em gastar um tempo em que posso estar em sintonia comigo mesmo, fazendo algo que faço todos os dias (embora eu saiba que assim que amanheça, meus olhos vão arder e eu vou acabar dormindo o dia inteiro, e lá se foi minha tarde). É a mais pura vontade de ficar acordado, não ligar a tv, não ligar o laptop nem o mp3. É só a vontade de desligar todas as luzes da casa, abrir as janelas e olhar a rua. Olhar o movimento esporádico de carros, ouvir ao longe o farfalhar irregular de ondas e deixar os pensamentos fluírem. 

É bom deixar-se dominar pelos pensamentos e deixá-los determinarem o rumo de seu raciocínio, de sua vontade. É bom ficar imaginando histórias das pessoas dentro dos carros, das famílias que ainda estão com as luzes ligadas (embora passe das 3:00 horas).
Às vezes eu me pego lembrando coisas engraçadas e antigas e acabo rindo sozinho. Tá, tudo bem, se por acaso alguem estivesse me vigiando agora, eu pareceria um maluco total. Um maluco acordado(3:17 agora), sentado na janela no total escuro (a não ser o da lua) e rindo sozinho. Mas acredite: se todas as pessoas fizessem algo semelhante ao que faço agora, talvez fossem mais equilibradas e felizes (tudo bem que eu não sou tão equilibrado e feliz assim, mas enfim...).
O que quero dizer é: o mundo ta tão corrido, selvagem e rápido que as pessoas não têm mais tempo pra si mesmas. Não têm mais tempo de serem só suas por alguns minutos, de se permitirem em alguma madrugada insone. É triste ter que lidar com pessoas que cada vez mais não sabem sobre si mesmas, não têm plena consciência sobre si ou sobre o que elas são.
Eu não. Eu sei que amanhã eu vou morrer de sono e não vou conseguir absorver tudo o que o professor de ciência política disser. Mas eu vou estar ciente de mim e com os pensamentos em dia. =)

A manhã vem linda, e com uma promessa de recomeço que só o sol sabe selar. E eu penso no que eu posso melhorar, consertar meus erros e amenizar meus defeitos (são tantos...) sem, no entanto, me perder ou modificar o que sou.
O frio da lua é substituido aos poucos pelo terno calor dos primeiros raios, e eu tenho a certeza que em minha vida, minha maior regra é a minha vontade. Embora não acredite na felicidade plena, é em busca dela que vou. Como diz uma pessoa que admiro com muita intensidade, "A gente nasceu pra ser feliz" (o blog dela, aqui).

Pronto para enfrentar mais um novo dia? Eu estou! ;D

12/02/2010

Sou grato


Apesar de tudo, eu agradeço.
Não sei a que, a quem
Sei que sou grato por ela
Sei que sou...

E por tudo, é gratidão
Cada lágrima é riso
“Dê-me um abraço,
Eu te amo, filho”

Silêncio é a pior parte.
Embora, ainda grite a pulmões
Apenas dentro de mim.
Cá bem dentro de nós.

Então eu aprendi:
Lutar contra o mundo,
Com armas de paixão,
“Nunca olhe para baixo”

Mas antes de ir
Ensina-me de novo.
Amar nunca é demais.
Você tem mesmo de ir?

“Eu vivo por você”
E eu sou grato, sou grato.
O tempo foi curto,
Mas meu amor, infinito

06/02/2010

Gargalhe!

Estamos a cento e oitenta quilômetros... E é liberdade, e não medo, que domina cada célula... O vento leva à força qualquer frustração que pudéssemos ter. O mais consciente sentido é o das nossas mãos grudadas entre os bancos. Frias e suadas, mas firmes... Porque não basta fechar os olhos e saborear o vento. É preciso fazer com que lágrimas voem... E tem que se fazer isso com quem mais se ama. E, embora sozinho, ela está ali. As mãos firmes. Os olhos firmes nele. E os olhos dele firmes no fim da estrada. O volante treme loucamente sob a outra mão. O acelerador recusa-se a ir mais fundo. O motor esquenta e urra sob os bancos. As rodas fumegam e flutuam no betume da pista. Tudo pronto, só o vento agora. Quase a duzentos e dez... Fecham os olhos. Suspiram. Gargalham alto. E um reconhecimento do que está por vir transborda silenciosamente de seus olhos. Mas gargalham com vontade, como nunca antes se sentiram capazes de fazer. Sentiam-se plenos e felizes, por fim. Porque embora condenados, é uma felicidade insana que traduz o que sentem agora. Insanidade.
E gargalhavam.
Gargalhavam a ponto de ouvi-la acima do chiado violento dos pneus queimando e do vento em seus ouvidos. Mas então, sem mais estrada, gargalham só ao vento. Mas eles ainda gargalham... E gargalhavam quando o carro voou.
E gargalhavam quando o frio na barriga anunciava a descida
E gargalhavam quando o carro pousou, e quando viraram fuligem...
Mas depois da explosão, não gargalhavam mais. Somente suas mãos ainda eram firmes.
Mas quer saber?
Algo me diz que eles, embora em mil pedaços, ainda consigam exibir em meios sorrisos a felicidade que nunca tiveram quando inteiros.

Vermelho morto



É triste que o cheiro das rosas
Seja agora tão fétido e frio
É triste que o som familiar
Seja memória como vento fraco


É triste que o vermelho
Não seja mais tão vivo
Sendo tão morto
Sendo tão triste...


...Tão triste ver
Toda tua vida resumida
Em mármore e flores,
Em silêncio e lágrimas


Mas o coração ainda guarda
Aquela tua presença,
Aquele teu amor, tua luta
Aquele teu jeito único de dizer,
Coisas que ninguém ousaria


Só não guardo o conforto
Conforto não vem nunca, não virá
Restam as rosas vermelhas e o cheiro de final de vela,
E tardes de sono, e palavras não ditas...
E amor eterno...

04/02/2010

Perdoa-me

Não sei como devo fazer isso, querida... Se devo guardar e me machucar mais ou pensar em todos nossos dias e me concentrar... O fato é que preciso fazer. Preciso pedir perdão, meu amor. Por favor, perdoa o fel das palavras e a brutalidade dos atos. Foi tão estúpido banalizar o amor que tão cedo foi perdido. O real valor só é sentido agora, não mais o tendo. Eu te amo tanto, e agora você foi embora. Eu não sei o que fazer! Serei sempre teu, minhas dores sempre tuas. Não a dividirei com o mundo, isso só pertence a nós. É quase uma insanidade, lutar por mais um dia quando tudo pelo que eu precisava lutar, já foi. Agora é só sentar, esperar. Não vai demorar muito, prometo. Por favor, não se canse de me esperar. Eu sinto tão perto agora, posso até tocar. Tudo que sobrou aqui foi um coração só. Agora você sabe por que meu travesseiro está sempre molhado.

É que estou inundado por dentro, meu anjo.

Afogando...

Desculpe, sei que pareço um bobo, mas não me peça pra viver. Não peça que eu busque felicidade, ou conforto. Não me peça pra superar, eu não quero. Tudo o que quero é esse mundo depois do fim. Para ser idealizado, e saber que alguém chora como choro agora. E enfim desfrutar de um amor que não tive em vida.

30/01/2010

Sonhos de Areia

Da areia dessa praia, dessas ondas, o mar me ensina sobre sonhos. Meu castelo de areia não é forte, mas o construí mesmo assim... E eu estava feliz! Reergui todos os grãos de areia necessários. Mas ondas vieram, destruíram-no... Como numa afronta à minha felicidade!
E ali, onde o construí, era como se nunca o tivesse feito. Nem indícios, tudo limpo, atormentadoramente limpo... O mar debocha de minhas lágrimas doces, só porque as suas são salgadas... E mostra que por mais forte que meu castelo seja, alguma onda estará disposta a dissipar cada grão de sonho....
Foi tão difícil juntar todas aquelas partículas de areia, tão difícil amontoá-las, organizar em forma de fortaleza medieval. E agora tudo o que resta é minha vontade de reconstrui-lo. Mas dessa vez não.
Estou cansado.
Sansado de reconstruir meus castelos, meus sonhos. Vou deitar onde as ondas me alcancem. Talvez elas desintegrem todos os meus grãos também. Talvez até me levem até os meus castelos de areia. E nunca mais serei forçado a construir outro... Poderei, por fim, lamentar meus castelos destruídos. Queixar-se ao mar por levar pra sempre meus sonhos, espalhando cada grão na sua imensidão azul.
Fazendo-me sentir tão destruído quanto cada castelo que eu construí...

Canção

Eu só queria mais uma canção de amor! Deixa continuar tocando, só mais uma, querida! Porque quando a música acaba, eu chego ao fim também! Interrompo meus devaneios, desfaço meu sorriso bobo... É... Aquele sorriso que eu sempre faço quando você me pede mais um beijo... Portanto, não interrompa minha canção, por favor. Deixa o compasso do meu coração ritmar-se com o da nossa música, mesmo que numa velocidade mínima, não importa.O que importa é deixá-la tocar, sempre! Não se canse de ouvi-la, não se canse! Promete que nunca vai se cansar da minha canção? É que eu só tenho essa, é a única que eu conheço. É a única que combina com a gente, única que eu sei a letra de cor É a única que quando canto, não desafino... Então, por favor...
Não aperte o ‘stop’...

27/01/2010

Sobre mim

Nada do que eu disser aqui diz algo sobre mim. Como você pode me definir, se nem eu consigo tal proeza? Apenas saiba: abomino seus rótulos. Eu quero viver e minha regra é fazer o que me der vontade e dizer o que eu penso, não muito preocupado em te agradar ou não. Não quer ouvir a verdade? a verdade dói? então não me pergunte. Não vou mentir pra agradar, nem ser eufêmico. As coisas devem ser vistas como elas são, nuas e cruas. É doloroso, mas há algo que não acabe sendo assim, no final? Moralismo, honestidade, pureza intensa e sempre boas intenções são coisas nas quais não acredito. Ninguém é bonzinho por inteiro, por mais que se faça parecer assim. Detesto os mocinhos, sou fã dos vilões. Perco pessoas o tempo inteiro, encontro pessoas o tempo inteiro. Sou eu, desta forma, com esses defeitos. Todo mundo tem uma parte podre, quem sou eu pra não tê-la?

25/01/2010

Nuvem Negra

Nuvem negra sobre mim
Chove e queima
Ameaça, abraça
Conforta o ilegível

Nuvem negra me acalma
Derrama-me água escura
Lava a alma
Leva embora água clara

Nuvem negra não vá
Fica aqui, me ama
Satura minha alma de dor
De sonho e horror

Nuvem negra me adora
Limpa o sangue dos meus olhos
Livra o coração
Faz-me sentir o buraco
Que a vida deixou no meu peito

Fim




E quanto mais fujo,
Mais inevitável parece
Deve estar marcado, não sei
Devo estar atrasado...

Esse vento que seca minhas lágrimas
É o mesmo dissipa o efeito do whisky
E tudo parece tão óbvio agora
É só se deixar cair...

Mas é tão alto daqui de cima
Vai doer? Vai ser rápido?
Eu conseguiria apagar antes de chegar?
Porque tão covarde agora?

Seria a dor do impacto maior
Que a dor das batidas do meu coração?
Duvido. Nada pode doer mais
Mais um gole, dois.

Grama molhada nos pés
E um conforto que só o fim dá
A total falta de roupas me dá frio
Mas eu sabia que não era por isso

Mais goles, muitos
O vento canta e empurra
Tentando encorajar-me
Mas eu não preciso mais de coragem

Suspiro agora,
encho o peito e solto devagar
E uma linha molhada na bochecha
anuncia o momento.

Mais um trago,
mais um gole.
E, de braços abertos,
eu me jogo de encontro à paz


Não me Cure


Porque isso, meu amor, são mais que flores e som de saxofone. Pode até ser mais um de meus lamentos. Mas é muito mais que palavras, mais que lágrimas. E eu não me importo se você achar que tudo não passa de um show bem ensaiado. Realmente não ligo. Porque sou eu o conhecedor de minhas feridas, de minhas dores. Eu sei exatamente onde tocar e, principalmente, onde não tocar. Sei onde dói, e sei que sou fraco demais pra deixar você saber onde os machucados estão. Por isso eu sorrio. E eu te engano tão bem... Não preciso que você saiba. E não me venha com seus cuidados, eu não preciso deles. Não sei se me quero sentir curado. Seria justo? Seria ignorar todo o amor, toda a perda. Seria jogar fora uma rosa murcha, só porque não encanta mais os olhos de ninguém, e nem desprende de si o aroma doce de outrora. Não pra mim, é claro. Pra mim ela parece a mais vermelha das rosas, e o mais fresco cheiro de alma e luz. Minhas feridas não me fazem mal. Só me faz achar o resto irrelevante e fútil. Eu não preciso que você olhe pra mim com olhos penosos. Não sou vítima. E sinto muito se você acha que não sou feliz. Não preciso ser feliz.

Na verdade, eu nunca fui tão feliz na minha dor...

Porque é essa dor que me fará lembrá-la para sempre...


07/01/2010

A Verdade do Espelho


Olha pro espelho,

Esse rosto pálido

Essa boca crispada

Essa tristeza mal-disfarçada



Sorri para o mundo

Num deboche soberbo

De indiferença e escárnio

E olhos cheios de verdade



Tu já não serves à máscara

Feita sob medida,

A mentira agora é podre

Deixou cheiro de horror



Da têmpora escorre o verde,

Que coloria a tua esperança

E chega aos pés,

Negro como o próprio sangue morto

E essa tristeza louca



Que escorre a jato dos olhos...

Como correnteza,

Vingativa e transitória



Olha pro espelho!

Vê o que não te dizem...

Mas que verdade é essa

Que o espelho conta?

05/01/2010

Caim



“...A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele..."




“... bastaria que por um momento abandonasses a soberba da infalibilidade que partilhas com todos os outros deuses, bastaria que por um momento fosses realmente misericordioso, que aceitasses a minha oferenda com humildade...”



José Saramago

03/01/2010

Visita

O sono não chega. Sente a alma cansada, pedindo paz e descanso.
O corpo permanece alerta. Tudo que vê é a parede branca para qual está virado. Deitado, sente a brisa se enroscar nos seus pés, e sente frio.
Está mais claro agora, mas não pode ser o sol.
É muito cedo para ser o sol.
E se fosse, soaria nesse tom?
Devagar, vira a cabeça.
E então esse clarão absurdo faz fechar os olhos.
De olhos fechados, agora sente algo dentro de si.
Algo que parece inflar e rasgar seus pulmões, costelas e músculos.
Algo chamado saudade - aquela saudade...
Respira fundo, e sente aquele cheiro e aquela lembrança...
Cheiro de banho recém-tomado e rosas orvalhadas.
Suas bochechas estão molhadas, agora.
E desse momento sublime, desprende-se a lágrima tão esforçadamente presa.
Lágrima tão bem escondida, todos os dias. Tão bem disfarçada por um sorriso convincente.
Abre um milímetro de suas pálpebras. A luz agora é menor.
Algo na frente, algo querendo ser visto.
Algo que se resume em amor – aquele amor perdido -, luz e pureza...
Algo que lhe foi tirado, mandado pra longe.
Quer chegar perto, mas está estático.
Agora, seus pés estão molhados...
Uma mão estendida – aquela mão - e um conforto supremo o acalmam,
E uma voz, que antes parecia tão distante e morta, soa cheia de melodia e divindade:
- Eu estou aqui
- Não me deixe nunca – sussurra.
Epílogo: Tudo durou apenas um minuto, mas foi o suficiente para abastecer de conformidade toda a vida dele... E para torná-la eternamente viva.

Fernando Franco Filho

Renúncia

Oh, perpétuo desconforto
Descabimento do mundo
Que caça o decoro
Como a treva caça a criatura
E traz à alma,
O fel da existência inoportuna

Oh, suprema pseudestesia
Desumana, por fim,
Esse âmago enfadonho
Pleno do mal do mundo
E consciencioso do seu próprio

Oh, imperdoável consumição
Ao propriíssimo, sim
É que a sórdida morbidez
Deve abrir as chagas
Da afronta, da dissimilitude

Oh, evanescente pureza
Leva consigo a desventura
E este ódio dilatado
Que já punge o haver
E tritura a exígua benevolência.

Fernando Franco Filho

Obs.: mais uma de minha coleção de poemas mórbidos

02/01/2010

O Vento


Pois o vento se vê? Ou se sente? Como perceber sua passagem, sua existência, por assim dizer... De que outra forma poderia ser, a não ser pelas suas revoltas? Pelo balanço das palmeiras ou pelo uivo de seu grito de agonia? O vento é invisível e, no entanto, impõe sua presença, se mostra existente. Passa pela cortina do meu quarto, arrepia minha cútis, bagunça meus cabelos. Mostra-se revoltado por ninguém enxergá-lo, por não percebe-lo. Mas é isso, quem ainda não se acostumou? Assim é a vida, assim é o tempo, que como o vento, passa sem ser notado e deixa como resquício um arrepio, seja de medo, seja de surpresa. O vento, que quando em brisa agrada e acalma, mas em tempestade bagunça e acanha. Que quando em verão refresca, mas em inverno trinca os dentes. Que quando em vida traz um sorriso, olhos fechados e braços abertos. Mas em morte, enxuga a lágrima e leva embora a última folha seca. Pessoas também soam como o vento: socialmente invisíveis. Também podem trazer sorrisos ou enxugar lágrimas, avalia-se a relevância. Quem nunca se sentiu invisível, e como o vento, revoltou-se para se fazer notado? Quem nunca arrepiou alguém, bagunçou o cabelo e a vida de alguém?
Quem nunca gritou de agonia...?
Todo homem já foi vento um dia, e, um dia, voltará a sê-lo.

01/01/2010

Início

Bom, 2010 chega pra mim como uma nova fase. Uma oportunidade pra fazer coisas novas. E nunca fiz um blog, então eis a oportunidade. Aqui, o inicio de postar as coisas que sempre escrevi, nunca com o intuito de publicar. É mais uma terapia egocêntrica. Era. Porque agora pretendo dividi-la e compartilhar com quem estiver disposto a ler. Também pretendo postar textos que gosto, sempre caracteristicamente agônicos, é bom avisar. Espero ser lido, e comentado, criticas/elogios são muito bem-vindos!
Abraços, e um Feliz 2010.