E ali, onde o construí, era como se nunca o tivesse feito. Nem indícios, tudo limpo, atormentadoramente limpo... O mar debocha de minhas lágrimas doces, só porque as suas são salgadas... E mostra que por mais forte que meu castelo seja, alguma onda estará disposta a dissipar cada grão de sonho....
Foi tão difícil juntar todas aquelas partículas de areia, tão difícil amontoá-las, organizar em forma de fortaleza medieval. E agora tudo o que resta é minha vontade de reconstrui-lo. Mas dessa vez não.
Estou cansado.
Sansado de reconstruir meus castelos, meus sonhos. Vou deitar onde as ondas me alcancem. Talvez elas desintegrem todos os meus grãos também. Talvez até me levem até os meus castelos de areia. E nunca mais serei forçado a construir outro... Poderei, por fim, lamentar meus castelos destruídos. Queixar-se ao mar por levar pra sempre meus sonhos, espalhando cada grão na sua imensidão azul.
Fazendo-me sentir tão destruído quanto cada castelo que eu construí...